Setor preocupado com ataques de militantes e de IA nas Olimpíadas

As seguradoras estão preocupadas que ataques de militantes ou imagens falsas geradas por IA possam prejudicar as Olimpíadas de Paris, arriscando cancelamentos de eventos e milhões de dólares em indenizações. As seguradoras enfrentaram perdas depois que as Olimpíadas de Tóquio 2020 foram adiadas por um ano devido à pandemia de COVID-19. Desde então, as guerras na Ucrânia e em Gaza e uma série de eleições neste ano, incluindo na França, aumentaram os temores de violência com motivação política em eventos globais de grande repercussão.

As Olimpíadas acontecem em Paris de 26 de julho a 11 de agosto e as Paralimpíadas de 28 de agosto a 8 de setembro. Seguradora alemã Allianz é parceira de seguros para os Jogos.

Outras seguradoras, como o marketplace Lloyd’s of London (SOLYD.UL), também estão fornecendo cobertura. “Estamos todos cientes da situação geopolítica em que o mundo se encontra”, disse Eike Buergel, chefe do programa Olímpico e Paralímpico da Allianz. “Estamos convencidos de que o COI (Comitê Olímpico Internacional), Paris 2024 e os comitês organizadores nacionais, juntamente com as autoridades francesas, estão tomando as medidas corretas quando se trata de desafios locais.”

Um homem foi preso em maio na cidade francesa de Saint-Etienne, suspeito de planejar um ataque em nome do Estado Islâmico no estádio de futebol da cidade durante as Olimpíadas.

Adam Carrier, chefe de consultoria na consultoria de gerenciamento de crise AnotherDay, disse que tais incidentes “demonstram que a ameaça contra as Olimpíadas de Paris é real e contínua”.

As seguradoras se reuniram com o COI em Paris no mês passado para discutir medidas de mitigação de riscos, disseram duas fontes do setor à Reuters. A gestão de riscos era uma parte “essencial” do trabalho do COI, reduzindo a probabilidade de que eventos inesperados afetassem negativamente os Jogos, disse o COI em uma declaração enviada por e-mail à Reuters.

PONTO DE INFLAMAÇÃO

Outro ponto crítico pode ser a equipe israelense, disseram fontes de seguros. Israel participará dos Jogos apesar do conflito militar em Gaza, no qual 38.000 palestinos foram mortos. Marcos Alvarez, diretor administrativo de classificações de seguros da Morningstar, disse que um ataque que levasse à perda de vidas, danos materiais e interrupção de negócios poderia “adicionar vários bilhões” às estimativas de US$ 3 bilhões em perdas de seguros se as Olimpíadas de Tóquio tivessem sido canceladas devido à COVID-19. O COI compra seu seguro com vários anos de antecedência.

Ele normalmente compra cerca de US$ 800 milhões em cobertura para cada Jogos Olímpicos. “Devido às cláusulas de confidencialidade incluídas em nossos acordos com nossos provedores de serviços, o COI não pode divulgar os termos de seus contratos”, afirmou. “A apólice de seguro entraria em vigor em certos eventos inesperados, como a história já testemunhou, para permitir que o COI cobrisse parte de seus custos operacionais.” O comitê organizador de Paris também compra seguro, assim como os comitês organizadores nacionais.

Emissoras, patrocinadores e empresas de viagens provavelmente comprarm sua cobertura com cerca de um ano de antecedência, enquanto provedores de hospitalidade podem comprar seguro mais perto do evento.

Desde os ataques de 11 de setembro em Nova York em 2001, as políticas padrão de cancelamento de eventos normalmente excluem ataques terroristas, mas organizadores de eventos e empresas podem comprar cobertura separada.

Empresas vulneráveis ​​também podem comprar cobertura contra perdas causadas por greves, tumultos e comoções civis. A França está se preparando para o segundo turno das eleições parlamentares em 7 de julho, deixando muitas empresas preparadas para protestos que podem causar danos materiais.

Edel Ryan, um executivo da Marsh’s. Empresas de esportes e entretenimento do Reino Unido disseram que ataques baseados em IA também têm o potencial de atrapalhar os Jogos, “seja por meio de venda de ingressos, fraude ou manipulação de transmissões ao vivo”.

Os organizadores das Olimpíadas fariam o possível para remarcar os eventos se necessário, disseram fontes da indústria, mas isso nem sempre era fácil devido ao cronograma apertado, levando a possíveis cancelamentos. “Logisticamente, isso teria um efeito cascata de pesadelo”, disse Imogen Mitchell-Webb, chefe de esportes no escritório de advocacia de seguros HF. “Não há espaço para reprogramar as coisas.”