Eleições: mulheres têm em média metade do patrimônio dos homens

Eleições: mulheres têm em média metade do patrimônio dos homens

Dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) apontam que as candidatas mulheres a cargos do legislativo estadual e federal têm metade do patrimônio os candidatos homens. Pretos e pardos também registraram menos bens que os brancos.

O prazo para registrar candidatura acabou na segunda-feira, mas a Justiça Eleitoral ainda não finalizou a consolidação das estatísticas. Os próprios candidatos informam ao TSE sobre o patrimônio que possuem e podem alterar o valor de seu patrimônio mesmo após o registro.

Segundo pesquisadores ouvidos pelo g1, o sistema político brasileiro atual privilegia candidatos ricos, e um patrimônio menor pode interferir negativamente no desempenho de alguém que concorre a um cargo público.

O g1 analisou os dados de candidatos a deputado federal e estadual e, para evitar distorções, retirou do cálculo da média os 405 candidatos com patrimônio acima de R$ 5 milhões.

Ao todo, são mais de 26 mil candidatos. Também foram analisadas as medianas das candidaturas e foi feito um agrupamento dos dados por valor de patrimônio.

Mulheres têm, em média, 50% do patrimônio dos homens

A média de patrimônio de candidatas mulheres é 50% da dos homens, no caso de candidaturas a deputado estadual, e 49% no caso de candidaturas a deputado federal.

Mais da metade (52%) das candidatas a deputada estadual tem até R$ 1 mil de patrimônio, enquanto nos homens esse grupo representa 36% do total.

O mesmo ocorre em âmbito federal: candidatos com até R$ 1 mil de patrimônio são 48% do total entre mulheres e 33% entre homens. A diferença também aparece na outra ponta da tabela: 25% dos candidatos do sexo masculino declaram ter mais de R$ 500 mil. Esse número cai para 17% entre candidatas ao mesmo cargo do sexo feminino.

Nesta comparação foram considerados os candidatos com patrimônio acima de R$ 5 milhões. Pretos tem menos patrimônio que brancos Os dados do TSE também apontam que o patrimônio de candidatos pretos e pardos é menor que o de candidatos brancos.

Nas candidaturas a deputado estadual, por exemplo, o patrimônio médio de pretos equivale a um terço do dos brancos e o dos pardos a 59% do dos brancos.

Pesquisador do Centro de Estudos em Política e Economia do Setor Público (Cepesp) da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Arthur Fisch diz que não é surpreendente que homens brancos tenham patrimônio maior que outros recortes, uma vez que a estrutural social do Brasil privilegia esse grupo. "É o que eu imaginaria: homens e brancos sejam mais ricos na média que negros e mulheres, isso é esperado pelo que a gente conhece do Brasil", afirma.

Fisch acredita que, apesar de ser esperada, essa característica torna as candidaturas de minorias menos competitivas por dois motivos: O candidato com patrimônio pode se autofinanciar, dependendo menos de verba partidária ou de financiamento externo, como crowdfunding; O candidato com verbas próprias precisa se preocupar menos com outros gastos não relacionados com a eleição, como pagar um aluguel do imóvel onde mora.

Além disso, uma campanha exige uma dedicação de tempo, e muitos candidatos não podem abandonar completamente o emprego, mesmo que temporariamente, para disputar uma vaga. Professor da Universidade Federal do Paraná, Emerson Cervi diz que sistema de financiamento atual, que não permite arrecadação de verbas de empresas, torna o autofinanciamento "muito importante".  


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