10 entre dez mulheres já foram discriminadas em algum momento na carreira

10 entre dez mulheres já foram discriminadas em algum momento na carreira

Estereotipagem na carreira é um problema social muito antigo, e que provavelmente deve ter atingido 10 entre 10 mulheres no mundo, em algum momento da vida profissional de cada uma. A afirmação é da presidente da Delphos, Elisabete Prado, que cita o próprio exemplo: “Não sou exceção. Em algumas ocasiões, já tive, sim, que lidar com isso. No meu caso isso se deu de forma escamoteada, com explicações que simplesmente não vinham, ou vinham transmutadas para parecer a coisa mais natural do mundo, o que só piora a solução, pois a discriminação se dá de forma disfarçada”, frisa a executiva.

Ela acrescenta que a Delphos é uma “empresa peculiar e muito inclusiva”, adotando como política a oferta de oportunidades indistintamente. Nesse contexto, a Delphos também orienta os colaboradores para que seja cumprido o compromisso assumido com o respeito e a ética de trabalho, tal como disposto em suas políticas internas, com canais de denúncia que têm o objetivo de garantir o respaldo em possíveis situações de constrangimento.

Ao comentar uma pesquisa realizada pela KPMG com executivas líderes brasileiras, segundo a qual os riscos associados à atração e retenção de talentos, segurança cibernética e tecnologias disruptivas lideram o ranking de preocupações dessas profissionais, Elisabete Prado observa que tais riscos de fato remetem a uma preocupação severa, e as constantes diligências de Compliance de clientes reforçam a necessidade de mitigação, o que requer investimentos perenes, treinamentos eficazes e comunicação clara.

Para a presidente da Delphos, os avanços tecnológicos no mundo ocorrem com uma velocidade que às vezes é desconcertante e é preciso muito esforço para garantir a retenção dos profissionais vanguardistas que querem estar sempre alinhados com esses avanços, pois, são pessoas muito talentosas, mas, ao mesmo tempo, muito inquietas e dotadas de um forte sentido de urgência. “Estratégias de agregar valor ao que é ofertado tendem a dar certo, mas não por muito tempo, justamente pela característica de inquietude e pressa. Por isso tais estratégias precisam ser permanentemente revisitadas, reinventadas e incrementadas. Empresas anacrônicas inevitavelmente acabam perdendo os seus melhores profissionais para o mercado disruptivo que, cada vez mais vem mostrando o quão necessário é para uma empresa estar em constante modernização de seus processos, principalmente no que diz respeito à atuação quanto à segurança cibernética e proteção de dados”, ressalta.

Ela lembra ainda que a própria LGPD trouxe à tona uma mobilização por parte das empresas que buscam vantagens competitivas, as quais passaram a valorizar “a estratégia de retenção de seus talentos por meio de treinamentos, capacitação, especialização e valorização tangível de suas qualidades”.

Sobre a prática da ESG, apontada por 30% das executivas consultadas como um desafio importante, especialmente no que se refere ao fato de relatórios de desempenho referentes a esses aspectos ainda não terem o mesmo rigor dado às divulgações das demonstrações financeiras, Elisabete Prado aponta que o dilema está justamente na necessidade de conscientizar as pessoas sobre a importância de mudar hábitos “seculares”, sob pena de verem exauridos os recursos naturais do planeta e destroçadas as relações socioculturais. “A Delphos, como empresa de serviços, seguramente se preocupa com o meio ambiente e está constantemente atuando em medidas de conscientização dos seus colaboradores sobre as boas práticas, além de revisar seus processos com o viés de sustentabilidade. Cito aqui alguns exemplos singelos apenas para demonstrar que detalhes fazem enormes diferenças: usamos canecas ao invés de copos plásticos, gastamos pouquíssimo papel porque reduzimos a impressão para quase zero, desligamos tudo o que/quando não está em uso para poupar energia, preservamos o verde em nossa área externa, enfim, fazemos o que está ao nosso alcance”, relata.

O levantamento da KPMG mostrou ainda que, no pós-pandemia, 25% das executivas brasileiras priorizam a adoção de uma nova cultura empresarial, com políticas que permitam, aos profissionais, encontrar um melhor equilíbrio entre a vida pessoal e o trabalho.

A respeito disso, Elisabete Prado explica que o incentivo ao equilíbrio entre a vida “pessoal e profissional” sempre foi mote nas campanhas da Delphos, muito antes da pandemia, quando a empresa já subsidiava a participação em corridas, maratonas, academias, oferecia biblioteca, mesas de jogos, entre outros.

A Delphos também nunca foi partidária de jornadas que ultrapassassem as horas legais de trabalho. “A chegada da pandemia só consolidou uma prática que já era cultural na empresa: há vida além do trabalho. Ficamos mais de dois anos em teletrabalho, e voltamos ao presencial num regime híbrido (dois dias em casa e três na empresa), e estamos estudando as tendências. Se for necessário, nos adaptaremos a novos modelos”, destaca.

Por fim, quanto ao fato de o estudo apontar também que as executivas sul-americanas e brasileiras enfrentarem situações semelhantes para lidar com o preconceito no ambiente corporativo, a presidente da Delphos comenta que essa realidade ainda persiste no ambiente corporativo, mas, ressalta que já há sociedades onde os grupos dos discriminados têm espaço, voz e apoio para denunciar as situações de intolerância, com punição para o denunciado, o que contribui para que situações do tipo não sejam recorrentes. “Não há mais a inquestionável certeza da impunidade e isso já é um grande avanço. Ainda vai demorar para chegarmos ao mundo com equidade? Sim, mas defendo que a competência, o comprometimento, a serenidade na exposição dos pontos de vista sempre serão os maiores aliados e as melhores armas para combater a estereotipagem e o tratamento diferenciado e feito de maneira imprópria. Enxergo um cenário promissor e um futuro menos injusto. Isso virá, inexoravelmente”, conclui.   


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