Outubro, o mês da mulher. Além de Março.

Outubro, o mês da mulher. Além de Março.

Que outubro é o mês de conscientização em relação ao Câncer de Mama no calendário mundial da saúde você sabe, certo? Eu te pergunto: você também sabe que este mês, no dia 18, também tem outra data relacionada à saúde da mulher? Sim, é o momento escolhido para jogarmos luz na Menopausa, algo ainda pouco falado nos meios de comunicação e ainda mais velado no mundo corporativo.

Anualmente, o Brasil registra cerca de 75 mil novos casos de câncer de mama, segundo pesquisa realizada pelo INCA. Quanto ao climatério e à menopausa, de acordo o último censo realizado pelo IBGE, são mais de 29 milhões de brasileiras vivendo essa fase da vida. Algumas lidam com as duas coisas ao mesmo tempo e eu sou uma delas! Já adianto: é difícil e complexo pra caramba! Vamos aos fatos:

Em 2022, aos 39 anos, descobri um câncer na mama esquerda e ali se iniciava uma nova fase da minha vida em muitos aspectos que eu nem podia imaginar. Cirurgia, quimioterapia, radioterapia (não necessariamente nessa ordem) eram as etapas que sabia que faziam parte da história de uma mulher com a doença. Nunca tinha ouvido falar em terapia hormonal, você já?    

A minha primeira sessão de quimioterapia veio junto com a primeira injeção de bloqueio hormonal. Explicado de uma maneira bem leiga e rápida: o meu tipo de câncer é receptor hormonal e um dos protocolos inclui zerar a produção de estrogênio. Menopausa radical da noite para o dia! Assim, pá, pum! São cinco anos, 60 injeções dessa, uma a cada 28 oito dias, religiosamente. Estou na 31ª (e mais os comprimidos…). Passei da metade! \0/

Minha gente, não é mole não! Eu não sabia nada de menopausa e no primeiro ano - o das sessões de químio e rádio - não dava para perceber direito de onde vinha o estrago. Jamais saberei! O fato é que eu tinha a grande ilusão de que minha vida chegaria perto da normalidade no ano 2, 2023. Mas, infelizmente, foi o ano do abatimento, da falta de esperança, e do fim da moratória social. Descobri que ficar careca tem a sua vantagem. O câncer fica na cara, literalmente! Isso faz com que todos sejam tomados por um profundo sentimento de empatia e solidariedade. Pena que acaba e depois, todo mundo só diz algo parecido com “Você venceu, o pior já passou, agora é bola para frente!” Tem seu grau de verdade e não culpo ninguém, a gente não sabe ao certo o que dizer, nem o que a pessoa espera de nós.

Não é raro que a depressão chegue para as mulheres com câncer de mama após o período mais agudo do tratamento, porque a luta pela sobrevivência se estabiliza e aí você dá de cara com uma vida estranha, na qual não se reconhece direito e descobre a menopausa. Eu me perguntava: cadê minha potência? Minha produtividade? Meu pensamento rápido? Noites de sono? No meu caso era menopausa num corpo arrasado e o fato é que eu não conseguia trabalhar mais que quatro horas me arrastando muito. Você se olha e pensa: cadê? Onde eu fui parar? Eu vou voltar? Pausa dramática!  

Por que eu tô falando tudo isso num ambiente corporativo? Para chamar atenção para os seguintes temas, numa perspectiva realista:  

1) Primeiro item: o óbvio. Faça os exames e exercícios físicos, cuide muito! Se não estiver em dia com a sua saúde, nem coloque a camiseta rosa! É hipocrisia! Ou se colocar, agende consulta, exames etc.

2) O tratamento do câncer de mama dura cerca de 5 anos. Depois que passa a careca, ainda falta muito pela frente. Permaneça empática/o! Dê um suporte especial para essas mulheres, a agenda médica continua, dá um trabalhão, mas é um privilégio poder executá-la!

3) Vamos falar e ouvir sobre histórias reais de câncer! Vamos pronunciar a palavra câncer sem medo do escuro. É uma doença grave sim, mas não é sentença de morte.

4)  Menopausa (associada ao câncer ou não!) existe, faz parte da vida, e precisamos entender cada vez mais as suas implicações na saúde de cada mulher e como isso impacta sua rotina em todas as esferas, incluindo a profissional.

5) Não é possível prescindir da força de trabalho da mulher madura, nem é recomendável, aliás. Trabalhar pela equidade de gênero significa colocar a menopausa na mesa. Precisamos de conscientização, letramento e práticas condizentes.  

Eu poderia tranquilamente incluir mais alguns itens nessa lista, mas deixo aqui um espaço para que vocês incluam os seus. Vem!  



Nathalia Coutinho

Nathalia Coutinho

Nathalia Coutinho é empreendedora, CEO da Core Consultoria de Comunicação. Tem mais de 20 anos de experiência em Comunicação e Branding. Desde 2021, também se dedica a mentorias para pessoas que desejam aprimorar seu posicionamento e suas habilidades de comunicação e liderança. É formada em Letras, MBA em Marketing, pós-graduação em Comunicação Corporativa e em Design de Facilitação.


Mais artigos


Vídeos em destaque!

Nossos Patrocinadores