O impacto da segurança psicológica no crescimento das organizações

O impacto da segurança psicológica no crescimento das organizações

De acordo com pesquisas recentes, as organizações mais disruptivas, criativas e inovadoras, que conseguem se adaptar mais rapidamente às constantes mudanças de cenário econômico e social, são aquelas em que as pessoas se sentem psicologicamente seguras para serem quem são, tem liberdade para opinar, questionar e liderar seus projetos sem se preocuparem com julgamentos.

Sentir-se julgado, discriminado ou apenas o medo de ser alvo de julgamento traz consequências negativas emocionais e psicológicas que envolvem a autoestima, a saúde mental, emocional, o bem-estar e a integridade psicológica das pessoas. Além de causar ansiedade e medo generalizados, a pessoa pode se sentir insegura em espaços sociais, evitando situações que considerem ameaçadoras ou se tornando hiper vigilantes em relação aos outros. 

Em seu livro de 2013 “Foco: a atenção e seu papel fundamental para o sucesso”, Daniel Goleman explica através da neurociência a interferência negativa do medo no funcionamento do cérebro. Segundo ele, o cérebro superior, responsável pela tomada de decisões conscientes e pelo controle executivo, possui limitações quando se trata de se concentrar em duas coisas ao mesmo tempo, ou seja, não consegue focar em uma tarefa ou resolução de problemas ao mesmo tempo que vive uma interferência emocional, como medo e ansiedade.

O medo e a ansiedade ativam o sistema de resposta ao estresse, desviando a atenção das tarefas em mãos para as ameaças percebidas, sejam elas reais ou não. Essa resposta emocional prejudica a capacidade de concentração diminuindo nosso desempenho.

Quando não cuidamos para que nosso ambiente organizacional seja inclusivo, com medo de não serem aceitas pelo grupo, as pessoas que se sentem pertencentes a grupos diversos (mulheres, pessoas pretas e pardas, membros da comunidade LGBT+, PCD, entre outros) ficam constantemente hiper vigilantes, ansiosos, inseguros e até fingindo serem quem não são. São colaboradores que ficam submetidos constantemente a altos níveis de insegurança e estresse que os impede de ter um desempenho satisfatório no trabalho e ainda trazem fortes consequências para o equilíbrio mental do indivíduo, como quadros de depressão, transtorno de ansiedade ou transtorno obsessivo compulsivo. 

O livro "Organizações Sem Medo", escrito por Amy Edmondson, explora a importância da criação de uma cultura de segurança psicológica nas organizações para promover o aprendizado, a inovação e o desempenho coletivo. 

Edmondson corrobora que o medo e a falta de segurança psicológica são obstáculos significativos para o sucesso das organizações. Quando os funcionários têm medo de cometer erros, de expressar suas opiniões ou de compartilhar informações, cria-se um ambiente onde as pessoas se sentem inseguras e receosas em assumir riscos. Isso, por sua vez, limita o aprendizado, a colaboração e a criatividade dentro da organização. 

Veja alguns elementos que podem contribuir para esta segurança:

a) Liderança: Os líderes desempenham um papel fundamental na criação de uma cultura de segurança psicológica, devendo ser transparentes, comunicativos e abertos ao feedback. É importante que eles compartilhem suas próprias vulnerabilidades e admitam quando cometem erros, criando um ambiente onde os outros se sintam à vontade para fazer o mesmo.

b) Estimular a colaboração: Incentivando a troca de ideias e o compartilhamento de conhecimentos, por meio da criação de espaços para a discussão aberta e da valorização da diversidade de perspectivas, por exemplo.

c) Aprender com o erro: Em uma cultura de segurança psicológica, os erros são vistos como oportunidades de aprendizado e melhoria.

d) Incentivar a curiosidade: Encorajando as pessoas a fazerem perguntas e a desafiar o status quo, o que estimula a busca por novos conhecimentos, ideias e soluções, promovendo a inovação e o crescimento organizacional.

É fundamental promovermos a conscientização em relação à inclusão e diversidade no local de trabalho, fomentando um ambiente onde as pessoas se sintam seguras para serem quem são e terem a confiança e segurança criarem, inovarem e prosperarem. 


Nathália Guerra

Nathália Guerra

É graduada em Relações Públicas pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, tem mestrado em Cinema pela New York Film Academy e Pós-Graduação em Psicologia Organizacional em Gestão de Pessoas pela PUC-RS. Atualmente atua de maneira transversal em diversas áreas implementando processos, estratégias e projetos ESG e orienta esforços para uma empresa diversa e inclusiva.


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