Morei na França e Holanda entre 1988 e 1998 e, nessa época, aprendi muito sobre cultura e sobre a importância das mulheres e das mães em particular na geração de um futuro mais igualitário.
Você já se questionou por que muitos homens não dividem tarefas domésticas e os cuidados com os filhos? Se pesquisarmos, veremos que grande parte das mulheres brasileiras se ressentem desse problema. Mas onde surgiu a questão? Quem educou esses homens, antes meninos? Quem é responsável por formar novos homens e mulheres?
A resposta é bem simples. Mães educam, mães formam e mães transformam o futuro. Pais, obviamente, também. Mas vamos falar de mães já que é o nosso mês que comemoramos?
Na Holanda e na França, todas as tarefas domésticas já eram no início dos anos 90 igualmente divididas: o homem cozinha, faz compras, cuida dos filhos, lava, passa. E quando isso acontece, como serão os filhos de uma relação como essa? Já refletiu a respeito?
É importante notar que, nesses países, as mulheres conseguem assumir cargos de liderança, porque contam com apoio logístico e organizacional do lar dos seus parceiros. Não há sobrecarga de tarefas caseiras e a relação encontra um balanço positivo que conta muito na hora de pensar em crescimento profissional. Não surpreende, portanto, que haja uma maior igualdade de oportunidades nas empresas.
E aqui no Brasil? Quando voltei para o meu país, tomei um susto. Notei poucas mudanças. A sociedade continuava “machista” e as mulheres ainda assumiam a casa e filhos sem se questionar sobre o equilíbrio da vida doméstica e suas carreiras.
A questão aqui era maior: como educar os filhos (sim os futuros homens) para gerar mudanças estruturais na relação de gêneros? A mudança começa por mim e por você, mãe. Aprendemos por exemplo: “faça o que eu faço”. Se a mãe fala uma coisa e faz outra, cria entendimentos confusos. E aí que é necessário reavaliar.
Se você realmente deseja imprimir um novo perfil de homens e mulheres, precisa responder a questionamentos como:
O que meu filho precisa aprender e fazer dentro de casa?
Que responsabilidades meu filho terá que assumir no dia a dia?
Que tarefas deverão ser aprendidas em casa por meninos e meninas igualmente?
Entre eu, mulher, e o parceiro ou parceira, como dividimos responsabilidades? Damos um exemplo claro do que queremos ver em sociedade?
Parece simples, mas será que é? Mudar uma cultura de que a mãe limpa, cozinha, cuida dos filhos, organiza a casa é fácil de implementar?
Será mesmo que está claro que homens e mulheres devem ter tratamento igualitário na sua casa? E nas organizações? Como podemos desejar tratamento igualitário nas empresas, se educamos de forma diferente meninos e meninas? Nós geramos o futuro e nossa responsabilidade como mães começa através de uma nova educação.
Eu, por exemplo, como mãe de gêmeos, ensinei desde pequeno a resolver coisas de casa (consertos, pinturas), cozinhar, lavar louça (eu nunca lavo), fazer compras de casa, ter as mesmas atribuições que uma mulher teria. Por que eu criaria de modo diferente? E que impacto a criação dos meus filhos tem hoje na vida deles e de quem os cerca? Meus filhos são homens que dividem tudo com as namoradas, organizam, fazem, cozinham, cuidam. Tem noção clara do papel importante no dia a dia de um lar. E sabem valorizar as mulheres que trabalham, que têm ambições, que desejam crescer e vencer.
Se eu tivesse facilitado a vida deles – deixa que eu cozinho, passo, faço compras e resolvo – não só estaria sobrecarregada (reclamação frequente de muitas mães), mas....o que teria acontecido? Como isso impactaria na sua vida e de suas famílias no futuro? E na sociedade? Mães, precisamos começar pelo começo. E o começo está em nós, mães, geradoras de filhos e de um mundo melhor.
Por isso, reforço para você: esteja consciente do seu papel na mudança.
Seja a mudança que você quer ver no futuro.
Formada em Comunicação Social pela UFRJ e em Letras pela Universiteit van Amsterdam, sou CEO da Fala Company, empresa de soluções em idiomas e desenvolvimento corporativo. Master Coach com 5 formações inclusive internacionais, Storyteller pelo McSill Studio (Inglaterra), Design Thinker pelo Designthinkers Group (Holanda). Autora do livro "50 coisas para fazer antes dos 50" e co-autora do livro "Mulheres que Transformam"