Mãe de 3 ou 5?

Mãe de 3 ou 5?

Não foram estes os meus planos, mas hoje não sou ninguém sem minha linda família.

Sempre quis ser mãe de menino. Queria ter a oportunidade de educar de uma forma mais inclusiva, menos machista e que fossem mais sensíveis à necessidade do outro.

Ganhei um verdadeiro prêmio.   

Apesar da bagagem do meu marido me presentear com um lindo casal, a menina com 9 anos e o menino com 7 anos, nossa relação era fluida e relaxada, pois ainda não era minha, a responsabilidade de educá-los. É claro que a convivência, apresenta exemplos, conceitos e valores, que eu sempre busquei transmitir, porém, nos meus desejos, só isso, não era suficiente.

Quando me casei, estava num momento de crescimento da carreira, com muitas viagens e muitas horas de trabalho. Apesar das tentativas, por alguma razão especial, eu não consegui engravidar. Quando a médica propôs inseminação (minha irmã teve trigêmeos) eu descartei imediatamente, pois não conseguiria dar conta de tantos filhos ao mesmo tempo, não tinha condição financeira para bancar uma rede de suporte e desejava continuar alavancando minha carreira profissional. Temos que fazer escolhas. Não podemos ter tudo!  

Todavia, o desejo da maternidade entoava um canto dentro de mim, então decidimos pela adoção. Meu chefe na época dizia que eu estava grávida por tempo ilimitado. rsrsrs

Após exatos 9 meses, desde o início do processo de habilitação do casal para adoção, enfim, chegou meu primeiro filho, Conrado. Muitos aprendizados, muitas frustrações ao perceber que eu não estava no controle e nem tudo seria do meu jeito, da minha maneira. O planejamento necessitava ser flexível e ajustado de tempos em tempos. Conrado me ensinou muito e me ensina todos os dias. A respeitar o tempo do outro, a acalmar minha ansiedade, a aceitar suas necessidades e especificidades. E muito, muito amor, muito carinho, muita gratidão.   

Entretanto, ser filho único tem um peso grande com relação às expectativas dos pais, além disso é muito chato não dividir com irmãos brinquedos, segredos, brincadeiras e até mesmos, nós, os pais. Embora, Conrado já tivesse dois irmãos por parte de pai, a diferença de idade era muito grande e eles se viam eventualmente.

Foi então que decidimos adotar nosso segundo filho, Gabriel. Esta sim, foi uma gravidez sem previsão de tempo, pois foram 5 anos de espera, até a chegada dele. Eu já estava me contentando que seria um filho único quando recebi a boa nova.   

E quando Gabriel chegou, a alegria e satisfação do primeiro filho, Conrado, em ganhar um irmão foi um verdadeiro êxtase.

A forma como ele acolheu o irmão, como dividiu tudo na casa com ele, foram outros grandes ensinamentos para nós, adultos, tão acostumados a uma cultura egoísta e materialista.

Contudo a vida está sempre pronta a nos surpreender.  

Após exatos 12 meses após a chegada do 2o filho, fui sorteada com uma gravidez. Completamente inesperada e ao mesmo tempo surpresa e feliz com tal possibilidade.

Confesso que me considerava mãe de primeira viagem, tendo em vista que minha experiência como “mãe” havia começado com filhos crescidos, "prontos".

Tive que aprender a amamentar, tirar leite, passar madrugadas acordadas por causa de cólicas, febres, enfim... e no dia seguinte inteirona para trabalhar.   

Tirava leite no escritório para poder deixar na creche. Cheguei a levar o bebê num evento de trabalho, fora da cidade, para poder amamentá-lo entre os intervalos.

Novamente, quanto aprendizado, quanta divisão: de tarefas, de atenção, de carinho, de respeito um pelo outro.

E também quantas alegrias, quantas recompensas ditas por vozinhas sinceras e sem qualquer medo de crítica ou desafeto.  

Nos completamos. Filhos são companheiros, riso fácil, zoação, implicância, proteção, também são despesa, dependência e limitações, entretanto viver e conviver com eles é uma evolução constante, uma entrega prazerosa e nos enchemos de orgulho com suas conquistas. Aproximou muito os mais velhos, principalmente a menina que agora adulta, baba pelos caçulas.

Compensou todo trabalho, dedicação, resiliência e principalmente amor e paciência, que dediquei, para conquistar duas carreiras.

Minha carreira profissional da qual me orgulho de toda contribuição que ofereci às empresas por onde passei e às pessoas que conheci, de onde algumas são amizades sinceras, fiéis e resistentes ao tempo e às distâncias que a rotina nos impõe, todavia são essenciais para completar minha segunda carreira, como mãe, a qual acredito estar cumprindo com a meta estabelecida no início da minha jornada, de educar meus filhos e colateralmente todos que nos cercam e convivem conosco, de que é possível, criarmos uma sociedade inclusiva, diversificada e especialmente pacífica e amorosa.  



Rafaela Maria Barreda

Rafaela Maria Barreda

Diretora-Presidente do Lloyd´s Escritório de Representação no Brasil Rafaela juntou-se ao Lloyd’s, em março de 2010. Possui mais de 25 anos de experiência no mercado de seguros e resseguros, em desenvolvimento de negócios, assuntos regulatórios e de conformidade, ocupou funções relevantes em corretora de resseguros e em segurados como Guy Carpenter, VARIG Linhas Aéreas, Libra Rio Terminais e Cia. Libra de Navegação. Rafaela Barreda tem Pós Graduação em Administração pela Universidade Federal Fluminense, no Rio de Janeiro, MBA em Gerência de Riscos pela FUNENSEG/COPPE-UFRJ, no Rio de Janeiro e Graduação em Economia pela Universidade Gama Filho do Rio de Janeiro.


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