Fraudes digitais têm feito seguro cibernético dobrar a cada ano

Fraudes digitais têm feito seguro cibernético dobrar a cada ano

Os ataques cibernéticos têm sido cada vez mais frequentes, principalmente após a pandemia, quando houve um salto na digitalização. Estima-se que uma em cada quatro empresas brasileiras tenham sofrido ataques cibernéticos nos últimos 12 meses.

Nunca se falou tanto em ciberataques. De acordo com a Check Point Software, os ataques ransomware (sequestro de dados) crescem 14% por ano desde 2017 e o prejuízo causado é sete vezes maior que do resgate pago. Para se ter uma ideia, a Lojas Americanas registrou perda de R$ 923 milhões em vendas por conta do ataque hacker que sofreu em fevereiro, quando seu site e aplicativo pararam de funcionar por quase cinco dias.  

Segundo relatório da Kaspersky, em 88% das organizações no mundo que já foram alvos de ransomware, seus líderes optariam por pagar o resgate se forem alvo de outro ataque, pois as empresas ficam em uma situação muito complicada quando têm seus dados sequestrados. Outro ataque é o phishing (tentativa de fraude para obter ilegalmente informações pessoais e financeiras) – a consultoria Netskope levantou que nos últimos 12 meses houve um aumento de 450% nesse tipo de golpe.

O mundo hoje é feito de dados, esse é um dos bens mais valiosos de uma empresa. Com o aumento dos ataques e com a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados) em vigor, cuidar das informações digitais passou a ser uma questão de sobrevivência em termos legais, portanto as empresas estão se obrigando a investir. A tranquilidade e os ganhos a longo prazo com a proteção dos seus dados e de seus clientes valem o custo e esforço.  

As cinco principais estruturas de segurança da informação de acordo com o Instituto Nacional de Normas e Tecnologia dos Estados Unidos são: identificar os riscos, proteger da melhor maneira possível, detectar as invasões, responder aos ataques, recuperar os sistemas. Para quem tem gestão de risco cibernético a resiliência deve ser mais rápida e trará menos prejuízos.

O seguro cibernético vem crescendo substancialmente no Brasil, a uma taxa de quase 100% ao ano. O produto alcançou no Brasil, em março de 2022, o maior patamar de arrecadação desde sua criação: cerca de R$ 13 milhões, avanço de 23,4% em relação ao mesmo mês de 2021. Segundo a Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg), no acumulado de 2022 (janeiro a março deste ano), esse volume chega a R$ 34,5 milhões. Esse valor é 41,5% superior ao observado no primeiro trimestre de 2021. E, em 12 meses (de março de 2021 a fevereiro de 2022), o montante de R$ 113 milhões em prêmio é quase 100% maior do que o obtido no mesmo período imediatamente anterior. Essa é uma perspectiva não apenas local, mas global.  

Somente na Wiz, no ano passado, registramos evolução de mais de 90% na demanda pelo seguro para riscos cibernéticos, produto que integra nosso portfólio de Linhas Financeiras.

É fundamental que os corretores de seguros busquem aprender sobre o tema, a atuação dos hackers e a legislação em vigor, entre outros pontos. Ninguém melhor do que o corretor, que desempenha o papel de consultor de proteção, para conscientizar os clientes sobre a necessidade de proteger os ativos digitais da empresa, bem como informações de terceiros e colaboradores. O produto deve ser explorado pelos corretores sob duas óticas: além de uma grande possibilidade de negócios, é importante para proteger suas empresas, pois essa profissão movimenta importantes dados de clientes.

O seguro de riscos cibernéticos é voltado para diversos perfis de empresas, incluindo as PMEs. Os pedidos de resgaste de ransomware estão amparados pelo seguro, bem como a investigação para entender o que ocorreu e, ainda, outros prejuízos consequentes, como lucros cessantes e despesas operacionais decorrentes da paralisação das atividades das empresas. Além disso, uma vez que os dados de uma empresa foram vazados podem incorrer custos para tentar recuperar/reparar esses dados. Também podem ocorrer investigações por órgãos reguladores, cujos custos também se encontram amparados pela apólice contratada, bem como as multas impostas nos processos regulatórios. Caso surjam reclamações judiciais de clientes pelo vazamento de dados, os custos de defesa e de eventuais indenizações também estarão amparados.  

Aos clientes que contratam a apólice, são disponibilizados diversos profissionais que darão o suporte no momento de um incidente de segurança cibernética, como: peritos forenses, especialistas em contenção de ataque, especialistas em reconstituição de dados, consultores jurídicos para mitigação de danos, relações públicas especializados em gestão de crise, profissionais de monitoramento de crédito dos titulares de dados, contadores forenses, investigadores internos, serviços de notificações para autoridades e pessoas, especialistas em extorsão, entre outros. Podem ser utilizadas várias coberturas num único incidente de segurança, as mais acionadas são: serviço de perícia, gestão de crise de imagem, gastos com notificação e monitoramento, investigação, multas.

O avanço do seguro cibernético também é refletido na consolidação de players no mercado – em especial, seguradoras com forte presença em linhas financeiras – e no aumento do apetite do mercado ressegurador. É natural que, nos próximos anos, essa expansão seja acompanhada da diversificação das coberturas oferecidas, o que pode ser alavancado pela flexibilização das regras aplicáveis a coberturas de grandes riscos e a seguros de responsabilidade civil.    


Stephanie Zalcman

Stephanie Zalcman

Formada em Direito pela FMU - Faculdades Metropolitanas Unidas, com extensão em Contabilidade e Finanças pela FGVPEC – SP e Business Management Programme Certificate pelo INSEAD, France. Iniciou sua carreira na área jurídica, no escritório Leite, Tosto e Barros Advogados e possui 14 anos de experiência no mercado de Seguros, com atuação em Companhias como Fator Seguradora, Argo Seguros, Fairfax Holding, Howden Harmonia Corretora e na JLT Corretora de Seguros. Atualmente é Diretora Tecnica, Operações e Estruturação da Wiz Soluções.


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