As empresas que almejam um ambiente verdadeiramente inclusivo devem adotar práticas e processos que considerem a variedade de públicos em todas as suas particularidades. Isso significa ir além de políticas superficiais e promover mudanças estruturais que permitam às pessoas serem autênticas e respeitadas em suas especificidades, sejam de gênero, raça, orientação sexual, idade ou qualquer outra dimensão da diversidade.
O ambiente de trabalho inclusivo não surge apenas de campanhas ou declarações. Ele é construído a partir de uma série de ações que fazem parte da cultura corporativa e que visam à promoção de um espaço no qual todos se sintam bem-vindos e reconhecidos. Cada vez mais, grandes empresas têm se dedicado a reformular seus processos para garantir que suas práticas de recrutamento, promoção e desenvolvimento profissional estejam livres de vieses que possam privilegiar determinados grupos em detrimento de outros.
Desenvolver uma cultura inclusiva e diversa é um fator essencial, que será determinante para a sustentabilidade das organizações no longo prazo. Essa foi a certeza que potencializou em mim ao término da minha participação no Dive In Festival 2024, evento global de promoção da diversidade, equidade e inclusão no setor de seguros. A iniciativa foi realizada no final de setembro, com mais de 130 atividades híbridas em 48 países.
No Brasil, a Sompo atuou como coorganizadora do evento. Na ocasião, tive a oportunidade de ser uma das debatedoras em um painel sob o tema “Liderança Feminina - Exemplos práticos de políticas internas que promovem a liderança feminina no mercado - como aproveitar os talentos internos e prepará-los para assumir posições de liderança?”.
Nesse contexto, um ponto em comum relatado por mulheres que lá estavam, diz respeito ao questionamento sobre a escolha entre maternidade e carreira. Essa é uma dúvida que sempre paira sobre as profissionais que querem construir uma família, mas também almejam alcançar uma posição de liderança na carreira profissional. Tanto é que, na programação brasileira do Dive In, houve um painel específico sobre o impacto da maternidade na carreira profissional, realizado na sede da Sompo e que contou com a Roberta Caravieri, Diretora de RH e Sustentabilidade da companhia, entre as painelistas. Mas a questão da parentalidade surgiu também em diferentes outros painéis durante o evento.
Então fica a pergunta: Por que ter de escolher entre uma ou outra? Afinal, quando se vê diante desse impasse, a mulher sai perdendo, seja qual for sua escolha. Isso porque se vê obrigada renunciar a algo que deseja muito, seja a família ou a carreira. É claro que, durante o riquíssimo debate na ocasião, foram apresentados vários exemplos de que a mulher não deve ser colocada nessa “encruzilhada” e que há um outro caminho em que a maternidade e a carreira podem ser exercidas. Mas é necessária uma rede de apoio e um ambiente de trabalho com práticas inclusivas.
Para que o ambiente de trabalho seja de fato acolhedor e represente os interesses de todos, as empresas precisam desenvolver uma cultura que abrace a pluralidade de experiências de seus colaboradores. Isso passa por uma série de processos que, quando bem implementados, tornam-se componentes essenciais de um ambiente inclusivo. Entre eles, destaca-se o papel das políticas de conciliação entre vida pessoal e profissional, como horários flexíveis e licença parental estendida, que são cruciais para aliviar o peso da jornada dupla que muitas mulheres enfrentam, além de iniciativas que incentivem a presença de homens na criação dos filhos e em outras tarefas familiares. Esse tipo de apoio possibilita que pais e mães se dediquem ao seu desenvolvimento profissional sem deixar de cumprir suas responsabilidades pessoais.
Organizações que implementam políticas dessa natureza colhem resultados significativos, inclusive no fortalecimento do seu quadro de profissionais. Com um ambiente de trabalho mais humanizado e flexível, o nível de engajamento aumenta, levando a uma produtividade maior e uma melhor retenção de talentos. Essas práticas, no entanto, não devem ser vistas como “boas ações” isoladas, mas sim como elementos integrados à cultura da organização.
Promover a inclusão e a diversidade vai além de uma questão moral; é uma necessidade estratégica. Empresas que garantem a inclusão em suas estruturas tendem a inovar mais, já que têm espaço aberto para que diferentes pontos de vista e experiências impulsionem soluções criativas para os desafios do negócio. Ao reconhecer que cada pessoa é valiosa para o sucesso coletivo, as empresas são capazes de criar uma atmosfera na qual todos se sentem valorizados e, consequentemente, mais propensos a investir seu talento e esforço na construção de um ambiente produtivo e acolhedor.
Diretora Executiva de Sinistro da Sompo e está na companhia desde 2017. Conta com Pós-Graduação em Administração de Empresas pela FAAP e com especialização em Estratégia de Negócios Internacionais pela FGV. Conta com mais de 25 anos de experiência na área de seguros, especialmente em Sinistros, implantando diversos processos de inovação tecnológica em serviços e estratégia de atendimento personalizado aos clientes e corretores.